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Kelner Macêdo fala da série “Sob Pressão”, que chegou a sua 5ª temporada no GloboPlay

Paraibano, destaque em sucessos como “Verdades Secretas 2” e “Onde nascem os fortes”, o ator fala sobre diversidade, nudez e representatividade na TV


Kelner Macêdo e Paula Bulamarque em Verdades Secretas 2
Kelner Macêdo e Paula Bulamarque em Verdades Secretas 2

Versatilidade é um termo que pode definir o ator Kelner Macêdo. O paraibano começou cedo a perceber que era nas artes que se encontraria. Como ele mesmo diz quando pequeno perguntava a sua avó como que ele fazia para entrar naquele quadrado que passava imagens que tanto o maravilhava, mal sabia que conseguiria “entrar” nesse mundo da teledramaturgia e também de outras frentes na cultura.

Hoje com 27 anos, ele vem se destacando em diversos trabalhos, mas antes de colocar o “pé na estrada” para a sua jornada artística, ele precisou “descobrir” o seu ofício.

- Trabalho desde os 12 anos, antes de ser ator eu já trabalhei numa padaria, fui recepcionista, fiz assistência de câmera, cobertura de eventos, animação de festas - da recepção dos convidados à animação - fantasiado de cabeção. Sai da casa da minha avó com 17 anos, então tive que me desdobrar desde cedo pra sobreviver e construir uma narrativa diferente da que estava “reservada” pra mim – lembra.

Desde 2 de junho ele pode ser visto na quinta, e última, temporada de “Sob Pressão” que tem dois episódios semanais. Na história ele vive Kléber, namorado do médico Décio, vivido por Bruno Garcia.

- Gravamos em meados de 2021, logo após o fim da 4ª temporada, não posso falar muito sobre o desenrolar da história, mas o que digo é que essa 5ª temporada trará um desfecho da história de Kléber e Décio – ressalta Kelner.

Kerner Macêdo e Bruno Garcia em cena de Sob Pressão
Kerner Macêdo e Bruno Garcia em cena de Sob Pressão

O artista fala também da importância dos assuntos tratados na série.

- “Sob Pressão” é uma série muito necessária para o Brasil, que traz discussões pertinentes ao tempo atual, é o retrato de um país real com todas as suas fragilidades e capacidades de dar a volta por cima. Eu acho uma dramaturgia muito inteligente, e com o passar do tempo vai ficando mais e mais refinada. O Kléber é um desses personagens que eu vou levar para sempre comigo, ele me atravessa completamente e me chama pra vida com sua força, com sua resiliência, e com todas as suas verdades. Eu acredito muito na potência desse trabalho, e agora sendo a última temporada, podemos esperar momentos de muita emoção e desfechos marcantes. Estou bem animado, acho que será uma das temporadas mais lindas que já fizemos – completa.


Kelner ressalta o carinho que o público nutre pelo casal com Bruno (Garcia) e as mensagens que recebe.

- É delicioso receber essa resposta do público, significa muito para o meu trabalho e para as questões que levantamos na série. Além de deixar muito nítida a necessidade de mais histórias de pessoas LGBTQIAP+ sendo contadas na televisão, no streaming, no cinema, e em todas as plataformas de produção de conteúdo. Eu amo e me surpreendo muito positivamente sempre que vejo histórias assim sendo pautadas nas dramaturgias, precisamos de espaços mais diversos e com existências mais plurais sendo consideradas, elas trazem um sabor novo, uma curiosidade nova, um tesão novo. E esse carinho, essa torcida do público como resposta só me traz mais certeza disso – comemora o intérprete de Kléber.

Antes de entrar para o elenco da aclamada série, o ator percorreu um caminho pelo cinema, em 2016, o ator foi para São Paulo onde protagonizou o longa “Corpo Elétrico”, do diretor Marcelo Caetano.

- Fui para São Paulo para gravar o longa e fiquei atravessado com as possibilidades que a cidade me trazia, tanto de trabalho, como de acesso à programação cultural, os encontros, os artistas... Logo entendi que era em São Paulo que eu queria morar a partir dali. Isso foi se alargando, e a vida foi tomando novos caminhos. Logo veio o Rio de Janeiro, e a ponte SP x RJ se estabeleceu, é onde me encontro atualmente, nesse fluxo entre uma cidade e outra – comenta.

Após o sucesso de “Corpo Elétrico”, ele começou a trabalhar em mais produções para o cinema e também teatro.

- O cinema é um dos grandes acontecimentos na minha carreira, foi onde tudo começou e o que me abriu as portas para a TV. Além de “Corpo Elétrico”, destaco o curta “A Mordida”, do diretor português Pedro Neves Marques, pois são dois trabalhos importantes, que percorreram cinemas e festivais do mundo inteiro, trazendo muitos prêmios para casa. Também destaco a última peça que fiz chamada “Lobo”, da diretora Carolina Biancchi – conta o ator.

Kerner Macêdo e Bruno Garcia em cena de Sob Pressão
Kerner Macêdo e Bruno Garcia em cena de Sob Pressão

Nesse tempo a teledramaturgia surgiu na sua carreira. Ele fez parte de sucessos como “Onde Nascem os fortes”, em 2018, além de “Sob Pressão”, (onde vive o personagem Kléber desde da 3ª temporada), ambas produções da TV Globo, além de protagonizar a série “Todxs Nós” da HBO. No final de 2021 foi um dos destaques de “Verdades Secretas 2” onde viveu Mark, DJ oficial da Radar Club. Na história, que está no catálogo do Globoplay, o seu personagem tem vários acontecimentos na sua trajetória e aos poucos o público pode ver novas camadas do DJ. A trama se desenrola e ele vive um romance com mãe e filha, vividas pelas atrizes Paula Burlamaqui e Rhay Polster, respectivamente, e protagoniza muitas cenas sensuais.

- Foi um prazer trabalhar com o Walcyr Carrasco, além de poder trocar com pessoas tão potentes envolvidas nesse projeto. É um trabalho que toca em muitas questões delicadas dos relacionamentos humanos, sentimentos, da luz às sombras de cada um, então recebemos feedbacks bem diversos. Foi um papel que me levou a encontrar novas texturas enquanto ator e chegar em outros públicos com relação à visibilidade. A novela foi muito vista no Globoplay, então muitas pessoas que não conheciam ainda meu trabalho, puderam conhecer. Fico feliz com a repercussão e carinho que chega em forma de mensagens diariamente – completa.

Na novela Kelner precisou fazer cenas de nudez, algo que não foi novidade na sua carreira. Além disso, ele não vê problema em fazer trabalhos que demandem que precise ficar nu. Em 2019, por exemplo, ele se despiu no clipe de “Pedrinho” da cantora Tulipa Ruiz, onde ele, junto a outros artistas, se desnudam para mostrar a liberdade e a pluralidade.

- O corpo do ator está a serviço da obra, e nesse sentido pode vir a ser uma ação revolucionária, pensando no contexto em que vivemos, norteados por uma moral castradora que deseja controlar o poder dos nossos corpos e limitar suas possibilidades, acho que a nudez vem com uma força transformadora que pode romper paradigmas. No caso do clipe em específico, se trata de uma ode à liberdade, um encontro afetivo entre os nossos corpos em contato. Foi muito bonito ver os corpos florescendo ali, criamos um espaço afetivo de acolhimento e troca, e mesmo os que chegaram inseguros em se despirem logo foram se desfazendo das inseguranças e se deixando atravessar por esse encontro. Foi um trabalho transformador pra mim e acredito que para muitos ou para todos que ali estavam – destaca.

Kelner Macêdo
Kelner Macêdo

Ainda em 2022 ele poderá ser visto em dois novos trabalhos. O filme “A Vida que Resta” (título provisório), produzido pela Gullane Filmes e com direção de Flávio Botelho, além do curta “Promessa de Um Amor Selvagem” do diretor Davi Mello.

- “A Vida que Resta” é um filme muito especial, que chegou na minha vida na virada de 2018 para 2019 e me convidou à um mergulho muito profundo na construção do personagem; gravamos no início de 2019, e agora ele está ficando pronto. É uma produção que me desafiou em todos os aspectos, eu tenho muito carinho e estou ansioso para conferir o resultado. Já “Promessa de Um Amor Selvagem” é um curta-metragem que gravamos no início de 2021 em São Paulo, se trata de uma produção de gênero fantástico, foi realizado de forma independente e no meio da pandemia, nele interpreto um dos protagonistas – finaliza o ator.

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