O ator se divide entre países: aterrissa em Los Angeles para sua estreia no streaming, e protagoniza espetáculo teatral em São Paulo
O ator Thiago Tambuque, natural de Santos, hoje divide o trabalho, e a casa, entre Los Angeles e São Paulo. Isso, porque ele estreia no streaming dos Estados Unidos e Brasil com o longa norte-americano “Skyfly”, e protagoniza o espetáculo “Conexão”, na capital paulista. Atuando profissionalmente desde os 17 anos, Thiago não é estranho aos palcos e a TV, e está pronto para deixar sua marca também na sétima arte.
Participar deste filme foi uma das experiências profissionais mais desafiadoras que eu tinha tido até então. Primeiramente, porque eu nunca havia trabalhado num filme antes. Depois, pelo idioma. O balanço geral, no entanto, foi muito positivo. Acho que cresci profissionalmente e aprendi — conta Thiago.
O filme acompanha um grupo de paraquedistas que precisa disputar com outro por uma zona de salto, mas de um jeito nada convencional: formando um time de hóquei. O longa estreia no dia 18 de abril no Brasil na Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play. Na produção, Thiago, interpreta... Thiago, personagem com quem divide o nome e a nacionalidade. Para o ator, dar vida a alguém tão parecido com ele se mostrou um grande desafio, mas diferenças fundamentais o ajudaram a delimitar os limites entre um e outro.
— Falar dele é quase como falar de mim, a começar pelo fato de que temos o mesmo nome, mas entre as diferenças, ele tem um leve mau humor e uma energia de “macho alfa” que aumenta nos momentos de atrito. Não se poupa de dar seus tapas com luva de pelica, mas na maior parte do tempo é ele quem traz seus amigos para a realidade, com comentários sóbrios e pertinentes — define.
Além das aulas de inglês pelo destaque de seu personagem, Thiago, que tem 24 anos de carreira, precisou “se virar nos 30”, como todo bom brasileiro, para aprender outra habilidade fundamental do seu papel: jogar hóquei, esporte praticado com patins.
Não tínhamos dublês para as partidas de hóquei, então tive aulas de patinação. Eu tive de me preparar para, pelo menos, conseguir fazer de conta que eu sabia jogar. A meu favor, eu tinha o fato de que meu time era um desastre completo e a graça estava justamente nisso — brinca Thiago.
“Skyfly” tirou risadas do elenco e da equipe, mas Tambuque adianta que a trama não é feita apenas de gargalhadas.
— O filme é uma comédia dramática. O público dará boas risadas com muito humor escrachado, personagens hilários e interpretações de tirar o chapéu, mas também vai refletir e se identificar com os dramas vividos por alguns dos personagens. A mensagem que o filme passa é de leveza e superação. Eu tenho certeza de que muita gente se sentirá tocada, assim como nós do elenco e da equipe nos sentimos — observa o ator.
Se de um lado o drama é apenas uma parte do trabalho, em “Conexão”, espetáculo teatral protagonizado por Thiago, o drama é quase um personagem próprio, e a superação acaba sendo um tema em comum entre os dois projetos.
— A história de como “Conexão” aconteceu é, por si só, uma história de superação. No ano passado, decidi passar uma temporada no Brasil durante a greve de atores e roteiristas que acontecia nos Estados Unidos. Tive uma reunião com a minha então agente e iríamos traçar estratégias para que eu pudesse retomar minhas atividades profissionais por aqui, mas os resultados foram decepcionantes. A frustração toda virou motivação, e depois de criar o conceito do espetáculo, foram Abyara Santoro e Lídia Gasque, autores do espetáculo, que abraçaram a ideia junto comigo e cá estamos nós — lembra Thiago.
A peça propõe não apenas um estudo do personagem, mas da psiquê humana e como ela pode ser influenciada por eventos marcantes. Thiago, que atua há anos como acrobata e ator no Circu la Trupe, LED Entertainment e como parte do Duo Aria, viu no seu conhecimento circense uma forma de expressar a visão abstrata de “Conexão”.
O personagem está à beira de um colapso nervoso devido às dificuldades impostas pelo mundo contemporâneo, e quando o colapso finalmente acontece, ele tem contato com o que podemos chamar de subconsciente. Durante essa viagem, ele enfrenta desafios, voa, flutua... Tudo é muito lúdico, então a narrativa mescla os aparelhos acrobáticos do circo, a dança contemporânea e a arte dramática. O personagem nos apresenta performances impactantes que demonstram força, delicadeza e beleza plástica — explica.
Para Thiago, o título do espetáculo não é uma coincidência, e os temas explorados dramaticamente no palco podem, também, ressoar profundamente com o público, assim como ressoaram com ele.
"Conexão" conta não somente a minha história, mas a de qualquer um de nós, com questionamentos, reflexões, medos e angústias. Existem coisas que a gente não explica, apenas sente — completa o ator.
A peça fica em cartaz até 4 abril no Teatro União Cultural em São Paulo.
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