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A Jornada de Patrícia França: Dos Palcos de Recife ao Sucesso Nacional


Crédito: Priscila Nicheli

Você começou sua carreira artística aos 16 anos em Recife. Como foi sua primeira experiência nos palcos com a peça “A menina que queria dançar”?

Em a "A Menina que Queria Dançar" eu tinha entre 14, 15 anos, mas já tinha me tornado atriz aos 8 pelas mãos da professora de artes e atriz Ilza Cavalcanti. Ela dava aulas de teatro na escola em que eu estudava. O projeto era dela e do autor da peça, seu aluno do ginasio, Marcelino Freyre. Depois de alguns meses de ensaios, conseguimos uma palta no suntuoso Teatro de Santa Isabel- o que pra mim e para meus colegas de elenco pareceu um sonho. Tenho, até hoje, o recorte de um jornal em que estamos todos reunidos no palco. Nunca vou me esquecer. Foi a melhor fase da minha vida.


Seu primeiro papel já lhe rendeu um prêmio de melhor atriz no Festival de Teatro de Bolso. Como você lidou com o reconhecimento tão cedo na carreira?


"A Menina que Queria Dançar" influenciou minha carreira por muito tempo. Depois da peça, uma coisa foi levando à outra.

Eu era uma menina muito focada e muito pé no chão. Eu sabia que o prêmio era o resultado de um trabalho coletivo e tinha plena consciência de que o mérito não era só meu.

Crédito: Priscila Nicheli

Nos primeiros anos na televisão, você protagonizou personagens icônicos como Tereza Batista e Santinha. Como foi assumir papéis de tanto destaque logo no início da sua carreira na TV?


Eu fui aprovada através de teste para o papel de protagonista da minissérie “Tereza Batista” quando ainda morava em Recife. A Santinha veio logo em seguida. Tudo foi muito rápido, mas batalhei muito pra estar no lugar certo e na hora certa. Comecei muito cedo e abri mão de muitas coisas durante a minha infância e adolescência.Sei que fui agraciada na época, mas não foi só sorte, foi através de muito trabalho.


Depois de tantos trabalhos marcantes na TV, qual foi o papel que mais te desafiou e por quê?Você também tem uma carreira consolidada no cinema, tendo atuado em filmes como “Tieta do Agreste” e “Orfeu”. Como é a experiência de transitar entre a televisão e o cinema?


“Tereza Batista" foi um desafio não só porque é uma das personagens mais difíceis de Jorge Amado, mas também pelo contexto em que tudo aconteceu. Eu precisei deixar Recife, familia e amigos para, em seguida, ter que lhe dar com o ônus e o bônus de um imenso sucesso sendo ainda muito jovem e imatura. Foi um desafio dos grandes.

Eu tinha feito uma protagonista de Jorge Amado e uma novela de sucesso com uma "pegada" cinematográfica. Então usei meu currículo e me candidatei para fazer um teste para o filme “Tieta”. Depois disso, ganhei os papéis de Tieta (fase adolescente) e também da Imaculada. Em seguida, fui convidada pra atuar como a protagonista Eurídice no filme “Orfeu”.


No teatro, você participou de várias produções, incluindo o musical de sucesso “Ou tudo ou nada”. Como foi a experiência de atuar em um musical e quais são os desafios específicos desse gênero?


Antes de estrear em musicais, eu já tinha feito trabalhos como cantora tanto na tv quanto no teatro. No caso dos musicais, que vem lá de "fora”, os tons são pré definidos e o cantor se adequa à partitura. Eu tenho um jeito muito brasileiro de cantar e, para mim, o desafio consistia em me adequar aos tons e à técnica vocal, diferente do que eu vinha estudando nas aulas de canto. Ainda assim, foi divertidíssimo fazer aquele espetáculo. Fizemos um sucesso tremendo.


Atualmente, você se prepara para estrear em dois novos projetos, um no teatro e outro no cinema. O que você pode nos contar sobre seu papel em “O Brasil que a Chiquinha Gonzaga não Viu” e como foi cantar as canções de Chiquinha Gonzaga?


É um repertório com o qual eu sempre me identifiquei. Adoro as canções mais antigas e tenho a voz das cantoras daquela época. Como eu disse, tenho um jeito brasileiro de cantar. O musical será para o ano que vem(ainda não tem data prevista pra estréia) e os ensaios não começaram. Além das músicas do repertório da Chiquinha, vou interpretar canções de outros compositores da mesma época.


O que mais te atraiu no papel de Madame Sofie no filme “A Princesa Adormecida”? Como foi trabalhar com a jovem atriz Pietra Quintela?


Sofie, na realidade, não é o que parecer ser. Ela é multifacetada e cheia de mistério. E é isso que a torna tão interessante! Foi um presente interpretá-la e voltar a fazer cinema. A Pietra é uma grande revelação. Uma jovem atriz muito inteligente e com um futuro promissor.

Crédito: Priscila Nicheli

Você já trabalhou com o diretor Tadeu Aguiar anteriormente. Como é a dinâmica entre vocês e o que podemos esperar do próximo musical que vocês estão preparando juntos?


Tadeu acreditou no meu trabalho e sou muito grata por isso. Na época em que trabalhamos juntos, não fiz audição pra fazer a Vick do "Ou Tudo ou Nada" e, se não me engano, ele nunca tinha me ouvido cantar até aquele momento. O novo convite surgiu há pouco, mas vamos estreiar ainda este ano, com a graça de Deus! Ainda não temos um título para o espetáculo que irá falar sobre a história da comuniçao no Brasil.


Após tantos anos de carreira, o que ainda te motiva a buscar novos desafios e quais são seus sonhos para o futuro na arte?


Desde pequena, o que me motiva e sempre me motivou desde é a imensa vontade de me expressar através dos dons que Deus me deu.

Sonho com um sistema de ensino mais comprometido com a arte como forma de educar. Eu só me tornei atriz porque a escola pública em que eu estudava compreendia que a arte não era somente um momento de lazer, mas também um espaço dedicado ao desenvolvimento de habilidades, construção estética e aprendizado cultural.

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