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CAPA ESPECIAL

A trajetória do Chef e Empresário na Gastronomia e Música

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Henrique Fogaça

Fotos: Henrique Tarricone

Como foi a transição de estudante de arquitetura e comércio exterior para chef de renome no cenário gastronômico brasileiro?

 

Quando me mudei para São Paulo com 23 anos não sabia cozinhar. Até que resolvi começar a preparar os meus próprios pratos para me alimentar melhor. Eu pedia para a minha avó me passar receitas simples mesmo  de arroz, feijão e  bife empanado. Nesse processo, me apaixonei pela culinária e resolvi estudar gastronomia. Comecei vendendo hambúrguer em uma kombi, o Rei das Ruas. Durante os estudos ainda fiz estágios em renomados restaurantes de São Paulo. Depois fui me especializando, crescendo e hoje sou dono do restaurante Sal Gastronomia e do gastropub Cão Véio, além de ser sócio do Jamile. 

Quais foram os principais desafios enfrentados ao inaugurar seu primeiro restaurante, o Sal Gastronomia, e como você os superou?

 

Foram muitos. Inaugurei o Sal Gastronomia em 2005 em Higienópolis, São Paulo. Foi onde tudo começou, era um espaço pequeno, com um fogão usado e uma mesa comunitária. Lá, eu evoluí e cresci bastante como cozinheiro e chef de cozinha. Aprendi que o segredo é saber de tudo, participar de todo o processo, das compras, do cuidado com a  qualidade dos ingredientes, na criação dos cardápios, no dia a dia da cozinha. Na época, eu acordava bem cedo para ir às compras na madrugada. O Sal foi onde tudo começou, ver sua expansão me enche de orgulho! 

Com tantos empreendimentos bem-sucedidos, como você administra seu tempo entre a cozinha, a TV, a música e seus outros projetos?

 

Eu sou uma pessoa que gosta de estar em movimento, de me desafiar, isso traz até mais criatividade pra mim no dia a dia. É bem corrido, mas estou acostumado, faz muito tempo que concilio várias ocupações ao mesmo tempo. Tenho um time que me ajuda em tudo, mas eu gosto desse ritmo. Sou uma pessoa muito agitada, então acredito que me manter ocupado me ajuda a me centrar.

 

Poderia nos contar um pouco sobre sua experiência como jurado do "Masterchef Brasil" e como isso influenciou sua carreira e visão sobre a gastronomia?

 

Eu sou jurado do "Masterchef" desde 2014 e confesso que entrei nessa experiência com curiosidade, era um formato ainda inédito no Brasil. Nesses 10 anos de programa, entendi o poder que ele tem de mudar a vida de muita gente: não só de quem participa ativamente, como também de quem diz que se interessou e aprendeu a cozinhar assistindo a atração. Isso me motiva muito, enxergar a força da gastronomia na vida das pessoas. 

Além disso, consegui levar diferentes experiências culinárias para as pessoas, e isso é incrível. A visibilidade do Masterchef me proporcionou investir nos projetos que eu acredito, então só tenho coisas positivas em relação ao programa. 

E como a música entrou em sua vida? 

 

A música foi talvez a minha primeira paixão. O rock pesado definiu todo o meu estilo de vida, principalmente o hardcore. Ou seja, a música sempre esteve presente na minha vida e em tudo o que eu faço. 

Você sempre gostou de cantar? Como surgiu o Oitão?

 

O Oitão surgiu em 2008 com músicas no estilo hardcore, punk e metal. Além de mim, a banda tem os guitarristas Cícero e Ricardo Quatrucci, o baixista Tchelo e o baterista Rodrigo Oliveira. A história do nome da banda é bem interessante, todos nós temos uma relação com o número oito. O guitarrista e o baterista fazem aniversário nesse dia. A mãe do baixista também é desse dia, assim como a minha mãe. Um amigo sugeriu o nome Oitão e aceitamos. A música e a gastronomia andam juntos na minha vida, são minhas paixões. Com o Oitão,pude realizar um dos meus sonhos mais antigos de cantar, e também é uma válvula de escape para a minha criatividade.

Quais os marcos da trajetória do Oitão? Quais são os projetos da banda para o futuro?

 

A gente se apresentou em muitos lugares bacanas. Em 2022 estivemos no Rock in Rio, no dia do metal, dividimos a data com bandas que somos fãs, como Iron Maiden, Megadeth, Sepultura. Foi uma emoção enorme tocar no palco que nossas referências já estiveram. No mesmo ano tocamos no Knotfest, um dos maiores festivais de metal do mundo! 

Em agosto, iremos tocar mais uma vez no RockFun Fest e estamos com expectativa bem alta. Vamos levar bastante rock para que o público possa curtir esse momento tanto quanto a gente. 

Além do Oitão, agora você é CEO e sócio do RockFun Fest. O que é o festival?

 

Sim, estou muito feliz com o projeto, entrei com a missão de contribuir com a reformulação do evento, que é o festival de Rock do calendário oficial da cidade de São Paulo. Com as mudanças, teremos atrações internacionais e uma melhor estrutura, além de mantermos algumas ações sociais importantes, como o ingresso social, que visa a arrecadação de alimentos para instituições de caridade. O RockFun Fest acontece no dia 31 de agosto, um sábado, e proporcionará um momento único para todos os fãs do rock. 

Qual a importância dos festivais para cultura e cidade?  

 

Os festivais de música são muito mais do que apenas eventos de entretenimento, acredito que eles são motores de crescimento cultural, social e econômico. Ao celebrar a música e a arte, esses festivais enriquecem a vida das pessoas e contribuem para o desenvolvimento sustentável das cidades onde são realizados. E quando falamos de RockFun Fest, também temos o impacto social e a conscientização de temas como sustentabilidade. 

Como é conciliar sua paixão pela música com sua carreira na gastronomia? De que maneira essas duas áreas se complementam em sua vida?

 

O estilo de vida roqueiro está presente em tudo o que eu sou e o que faço. Tanto o Oitão quanto a gastronomia partem de uma necessidade minha de me expressar, de produzir algo, então acredito que estejam, de certa maneira, entrelaçados. Elaborar um prato é um pouco como compor uma música, você coloca um toque da sua personalidade ali, ao mesmo tempo que respeita os ingredientes e elementos externos  para criar um produto harmônico. 

Você poderia compartilhar um pouco sobre sua experiência como dublador no filme "Patos" e como essa oportunidade se relaciona com sua jornada na culinária e na música?

 

Foi muito divertido dublar o filme "Patos", meu personagem parecia muito comigo, um chef de cozinha cheio de tatuagens.Temos algumas semelhanças na aparência e personalidade. Além disso, foi muito legal observar as minhas filhas Maria Letícia e Olívia interagindo com esse filme e ainda perceber que o pai delas está lá dentro! 

Eu já tinha dublado outras vezes, admiro muito essa profissão. Na série "Mickey: Aventuras Sobre Rodas" da Disney, fui um chef de cozinha que abriu um novo café em Paris com o Pateta. Já no filme "Paddington 2", vivi o personagem Rick da turma do pequeno urso, inspirado em um livro infantil. A culinária, a música e as dublagens exigem criatividade e dinamismo, por isso, elas se relacionam super bem na minha vida, eu curto bastante exercer todos esses papéis. 

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