ESPECIAL
A Jornada de uma voz Inesquecível
Adora
Foto: Reynaldo Pasqua | Beauty: Mariana Mangolini | Agradecimentos: O'Malley's Bar
Em casa, entre amigos, quem é Adora?
Adora é aquela amiga que adora uma boa risada e uma conversa descontraída. Gosto de leveza, sou brincalhona, tenho um lado mais moleca, mas ao mesmo tempo sinto que organização, estudo e disciplina me fazem bem. Amo me reunir com minha família e amigos, seja para cozinhar ou experimentar algo novo em um restaurante. Gosto do movimento na cozinha e na mesa, acredito que isso aproxima ainda mais as pessoas. Gosto também de fazer saraus com meus amigos, com roda de violão e aquela luz amarelada aconchegante. Eu sou aquela pessoa que traz alegria para os encontros e sempre busca criar momentos memoráveis com aqueles que amo.
Como começou sua jornada na música? Existe algum momento específico que você considera como o ponto de partida de sua carreira?
Comecei a cantarolar com quatro anos e, aos sete, entrei em um coral, onde fiquei até os doze. Na adolescência, morei fora do país e aproveitei as oportunidades para expandir meu conhecimento, fazendo aulas de canto. Lá fora, há uma valorização maior da arte em comparação ao Brasil, infelizmente. Participei de musicais e corais da escola e estudei música. Quando voltei ao Brasil aos 18 anos, resolvi me profissionalizar: comecei a cantar na noite e ingressei na faculdade de música. Desde então, vivo da música e, desde 2019, estou desenvolvendo meu projeto autoral. A música é minha paixão eterna; não me vejo fazendo outra coisa.
Quais foram suas principais influências musicais ao longo dos anos? Como esses artistas moldaram seu estilo e sua abordagem na música?
Cresci ouvindo Rock, Disco, Soul, R&B, Pop, Funk e Groove, mas, ao longo dos anos, fui me aproximando mais da MPB. Na faculdade, estudei música clássica, e sempre gostei de Jazz e Blues. Meu pai me apresentou ao Rock clássico e progressivo, então minhas influências são variadas. Isso me permite experimentar diferentes estilos e criar um som único. Essa diversidade também ajuda a conectar com públicos diversos e explorar novas ideias. Mas, se eu tivesse que escolher um estilo com o qual mais me identifico, seria a Black Music, que inclui soul, disco e Motown.
Você poderia compartilhar conosco um pouco sobre sua formação musical? Teve algum treinamento formal ou aprendeu de maneira autodidata?
Comecei a cantar de forma autodidata, bem pequena, mas quando entrei no coral aos sete anos, desenvolvi mais a habilidade de cantar em conjunto, ouvindo o outro, afinando e seguindo o ritmo. Minha formação musical formal veio com o canto lírico, que me ajudou a trabalhar melhor a técnica vocal, a respiração, a projeção da voz e a interpretação de diferentes estilos musicais. Essa base sólida foi fundamental para aprimorar minhas habilidades e me tornar uma cantora versátil, capaz de abraçar diversos gêneros.
Em sua opinião, qual foi o maior desafio que você enfrentou até agora em sua carreira musical e como o superou?
O ano de 2020 foi um período de muitas incertezas, especialmente para a arte, já que vivemos do contato com o público. A falta de trabalho prejudicou a criatividade e a saúde mental de muitos artistas. O que me manteve ativa foram os lançamentos que fiz durante esse período. Eu e minha equipe planejamos tudo com detalhes, o que me ocupou bastante. Algumas canções foram escritas antes da pandemia, e usei o tempo de reclusão para estudar composição. Lancei um EP em 2020 e outro em 2021, ambos gravados em parte de forma remota. A adaptação foi desafiadora, mas também um aprendizado. Lançamos clipes caseiros, parcerias à distância e até um clipe em animação. Em 2021, fiz um clipe com uma equipe totalmente feminina, o que foi incrível.
Como você descreveria seu processo criativo ao compor músicas? Existe algo específico que inspire suas letras e melodias?
Minhas músicas são inspiradas por momentos, histórias e acontecimentos. Tenho uma canção chamada "Diamonds and Pearls", que fala sobre desejos emocionais e a busca por conexões genuínas em relacionamentos. O processo de composição é quase terapêutico, e quando componho em grupo, abordamos desde temas profundos até questões mais corriqueiras. O resultado é mais interessante quando conseguimos nos desnudar e expressar nossas vulnerabilidades.
Quais são os temas que mais te interessam explorar em suas músicas? Existe uma mensagem ou uma causa que você gostaria de transmitir através de sua arte?
A música tem o poder de expressar sentimentos profundos e conectar as pessoas. Gosto de falar sobre relacionamentos, superações, lutas femininas e experiências de vida. Meu projeto de 2021, por exemplo, focou na luta das mulheres. A mensagem que quero transmitir é de amor, esperança e acolhimento, mostrando que todos enfrentam desafios, mas que podemos superá-los juntos.
Ao longo de sua carreira, quais foram os momentos mais memoráveis ou gratificantes para você como artista?
Desde a infância, o palco me chamou de forma natural. O desejo de cantar para os outros surgiu de querer transmitir uma mensagem que tocasse as pessoas. Os momentos mais gratificantes são quando estou no palco ou compondo, criando uma conexão com o público. Cada apresentação e cada demonstração de carinho dos ouvintes são especiais. Não consigo destacar um único momento, porque todos os momentos no palco são de extrema gratidão e felicidade para mim.
Como você vê o papel da música na sociedade atualmente? Existe alguma maneira específica pela qual você espera impactar seus ouvintes?
A música desempenha um papel crucial na sociedade, unindo, inspirando e promovendo mudanças. Quero impactar meus ouvintes com mensagens de amor, esperança e superação, criando um espaço de acolhimento e conexão. Compartilhando minhas histórias, espero contribuir para um mundo mais empático e solidário.
Com tantas plataformas e formas de consumir música hoje em dia, como você vê o futuro da indústria musical e como isso afeta seu trabalho?
Com as novas tecnologias e plataformas de streaming, a indústria musical está cada vez mais digital, o que aumenta o alcance e a interação com os ouvintes, mas também traz desafios, como a necessidade de se destacar em um mercado saturado. É importante se adaptar às mudanças e usar essas ferramentas para promover nossa música e se conectar de forma genuína com o público.
Você já passou por alguma situação desconfortável ou teve algum "tratamento diferente" por ser mulher?
Infelizmente, ser mulher na indústria fonográfica é difícil. O preconceito vem de diversas formas, desde subestimar nossas capacidades até a objetificação. As mulheres são frequentemente tratadas como corpos ou objetos sexuais. Já passei por situações em que uma vestimenta ou postura no palco foi julgada de forma inadequada, o que reforça a falta de respeito e valorização do trabalho da mulher artista. Aprendemos desde cedo a lidar com isso.
Quais são seus planos e projetos futuros? Existe algo que seus fãs possam esperar de você nos próximos meses?
Meus planos incluem muitos shows. Quero rodar com meu projeto "Coisas do Amor", que já teve apresentações no Blue Note Rio e São Paulo, além de um festival no Parque Ibirapuera. Também quero voltar a compor com mais frequência e continuar desenvolvendo meu projeto autoral, que comecei recentemente. Estou muito animada para o que o futuro me reserva e mal posso esperar para compartilhar tudo com meus fãs. Muito obrigada!